Índice global de direitos da CSI: por que as entidades sindicais são essenciais

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O Índice Global de Direitos da Confederação Sindical Internacional (CSI) é um dos principais instrumentos para avaliar a situação dos direitos trabalhistas no mundo. Publicado anualmente, o índice analisa leis e práticas que afetam diretamente os trabalhadores em 149 países, classificando-os de 1 (melhor) a 5+ (pior), com base no grau de respeito aos direitos fundamentais no trabalho, como liberdade sindical, direito de greve e negociação coletiva.

O relatório da CSI não se limita ao que está escrito na legislação, mas examina também a aplicação prática das leis. Muitos países possuem legislações aparentemente protetivas, mas na prática reprimem greves, prendem líderes sindicais, ignoram negociações coletivas e violentam os direitos humanos no ambiente de trabalho.

A edição de 2025 do Índice revelou um cenário alarmante:
– 87% dos países violaram o direito de greve.
– 80% interferiram na negociação coletiva.
– 74% negaram ou restringiram a liberdade sindical.
– 72% dos trabalhadores não têm acesso adequado à justiça.

Esses dados evidenciam um retrocesso global na proteção dos direitos trabalhistas.

OS 10 PIORES PAÍSES PARA TRABALHADORES (2025)
1. Bangladesh – Repressão violenta a greves, intimidação de trabalhadores e assassinatos de sindicalistas.
2. Bielorrússia – Prisões arbitrárias e proibição de sindicatos independentes.
3. Egito – Supressão total da liberdade sindical e perseguição a líderes sindicais.
4. Equador – Criminalização da atividade sindical e violência contra manifestantes.
5. Eswatini (Suazilândia) – Interferência direta do governo nos sindicatos e proibição de greves.
6. Filipinas – Assassinato de sindicalistas e leis que equiparam protestos a terrorismo.
7. Myanmar – Estado de exceção com perseguição, prisões e assassinatos de trabalhadores.
8. Nigéria – Repressão a manifestações e perseguição a representantes sindicais.
9. Tunísia – Restrição à negociação coletiva e repressão a protestos.
10. Turquia – Greves são sistematicamente reprimidas e sindicalistas são presos.

OS 10 MELHORES PAÍSES PARA TRABALHADORES (2025)
1. Islândia – Elevado índice de sindicalização e respeito à negociação coletiva.
2. Suécia – Sistema sindical forte, leis protetivas e prática democrática nas relações de trabalho.
3. Noruega – Forte proteção aos trabalhadores e políticas públicas de bem-estar.
4. Finlândia – Alto índice de cobertura de negociação coletiva e respeito à greve.
5. Dinamarca – Sindicatos fortes e independentes, diálogo social eficaz.
6. Alemanha – Estrutura sindical consolidada, com negociações por setor.
7. Canadá – Respeito à liberdade sindical e proteção contra demissões abusivas.
8. Uruguai – Legislação protetiva, sindicatos atuantes e amplas garantias.
9. Áustria – Alta cobertura sindical e negociação coletiva centralizada.
10. Países Baixos – Fortes instituições laborais e ampla representatividade sindical.

Esses países demonstram que a valorização dos sindicatos resulta em sociedades mais justas, menos desiguais e com maior bem-estar social.

POR QUE OS SINDICATOS SÃO IMPORTANTES?
A história comprova que os maiores avanços para os trabalhadores vieram por meio da luta sindical. Foi por meio da organização coletiva que se conquistaram direitos como jornada de 8 horas, férias remuneradas, salário mínimo, aposentadoria, licença-maternidade e segurança no trabalho.

Os sindicatos são a principal ferramenta de defesa dos trabalhadores frente ao poder econômico dos empregadores. Quando organizados, os trabalhadores podem negociar salários dignos, condições adequadas e combater abusos como assédio moral, trabalho infantil, informalidade e superexploração.

Além disso, países com forte presença sindical apresentam melhores indicadores sociais. Por exemplo:
– Islândia: mais de 90% dos trabalhadores sindicalizados e excelentes condições trabalhistas.
– Suécia e Noruega: altos índices de sindicalização e baixos níveis de desigualdade.
– Canadá e Alemanha: robustas negociações coletivas garantem qualidade de vida e proteção.

NO BRASIL: UM ALERTA
O Brasil, embora não esteja entre os piores do ranking da CSI, tem enfrentado ameaças preocupantes desde a reforma trabalhista de 2017, que enfraqueceu os sindicatos e flexibilizou direitos. O desmonte da estrutura sindical favorece o enfraquecimento da negociação coletiva, o que agrava a precarização e aumenta as desigualdades sociais.

Fortalecer os sindicatos é essencial para garantir que os trabalhadores tenham voz, proteção e dignidade. Sem eles, a lógica do mercado impõe regras que beneficiam apenas os empregadores, sem qualquer mediação ou equilíbrio social.

CONCLUSÃO
O Índice Global de Direitos da CSI escancara o quanto os direitos dos trabalhadores estão sob ataque no mundo todo. A existência dos sindicatos não é apenas uma proteção institucional: é a única barreira real contra a exploração desenfreada.

Defender o direito de sindicalização é defender a democracia, a justiça social e o trabalho digno. Onde há sindicato forte, há trabalhador respeitado.

REFERÊNCIAS
– CONFEDERAÇÃO SINDICAL INTERNACIONAL (CSI). Global Rights Index 2025. Disponível em: https://www.ituc-csi.org/global-rights-index-2025
– UGT Brasil. “Os direitos dos trabalhadores estão em queda no mundo todo – Índice Global de Direitos da CSI 2025.” Disponível em: https://www.ugt.org.br/Noticias/78257
– ETHICAL TRADE INITIATIVE. The 10 Worst Countries for Workers in 2025. Disponível em: https://www.ethicaltrade.org