
Levantamento da FERAESP, com dados da Fundação SEADE – Sistema Estadual de Análise de Dados do estado de São Paulo, para o setor da Agricultura, Pecuária e Serviços Relacionados em 2023, mostra a dura realidade enfrentada pelos empregados(as) rurais assalariados(as) em São Paulo. Ao todo, foram registrados em 2023, 344,8 mil empregados formais, com um salário médio de apenas R$ 2.893,00, valor muito abaixo da média estadual, que ultrapassa os R$ 4 mil.
Concentração e pulverização dos empregos
A grande maioria, 93,3%, está ocupada em atividades diretas de agricultura e pecuária. A produção florestal responde por apenas 6,2% dos postos, enquanto pesca e aquicultura somam 0,5%. Além disso, o setor é fortemente pulverizado: 19,1% das unidades empregam entre 1 e 4 trabalhadores, revelando a predominância de pequenas propriedades e empresas familiares.
Salários achatados
Apesar da alta demanda de mão de obra, os salários permanecem estagnados.
- Agricultura e pecuária: R$ 2.905,00
- Produção florestal: R$ 2.741,00
- Pesca e aquicultura: R$ 2.600,00
Em todas as divisões, a remuneração gira em torno de R$ 3 mil, evidenciando os baixos salários de um setor extremamente importante da economia paulista.
Escolaridade sem valorização
Outro dado preocupante: trabalhadores com ensino fundamental completo ou incompleto recebem praticamente os mesmos salários (cerca de R$ 2.560,00). Quem conclui o ensino médio tem ganho pouco maior (R$ 2.747,00). O salto significativo só ocorre para cargos que exigem ensino superior, onde a média chega a R$ 8.395,00.
Essa disparidade mostra que, no campo, a escolaridade básica não garante valorização, e os maiores rendimentos ficam restritos a funções técnicas ou de gestão, distantes da realidade da maioria dos assalariados(as).
Posição da FERAESP
Para a FERAESP, os números confirmam a histórica desigualdade do setor do agronegócio: uma base trabalhadora numerosa, responsável pela produção de alimentos e riqueza, recebendo salários baixos, enquanto uma minoria com formação superior concentra os maiores ganhos.
A Federação reafirma a importância da negociação coletiva e da luta sindical para pressionar governos e patrões por:
- melhoria salarial;
- valorização da escolaridade dos empregados(as) rurais;
- políticas públicas de inclusão e igualdade no campo.
Sem valorização e justiça social, a riqueza gerada pelo trabalho rural continuará sendo apropriada por poucos, enquanto a maioria segue lutando para sobreviver.





