Moeda própria do BRICS: a força do bloco ante o dólar

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Arte: Feraesp/ principais lideres do BRICS
Arte: Feraesp/ principais lideres do BRICS

A crescente articulação dos países do BRICS:

Categoria Países
Membros plenos BRASIL, Rússia, Índia, China, África do Sul, Egito, Etiópia, Irã, Emirados Árabes Unidos, Indonésia
Países parceiros Belarus, Bolívia, Cuba, Cazaquistão, Malásia, Nigéria, Tailândia, Uganda, Uzbequistão, Vietnã

para o uso de uma moeda própria ou de suas moedas nacionais nas trocas comerciais representa uma ameaça direta à hegemonia global do dólar americano. Essa tendência reflete o desejo desses países de reduzir sua dependência do sistema financeiro dominado pelos Estados Unidos, buscando maior autonomia monetária e soberania econômica.

Atualmente, o dólar é responsável por cerca de 58% das reservas cambiais globais e por mais de 80% das transações comerciais internacionais (FMI, 2023). Essa predominância dá aos EUA vantagens estratégicas, como a capacidade de impor sanções financeiras com eficácia e controlar fluxos internacionais de capital. No entanto, com os BRICS somando cerca de 40% da população mundial e aproximadamente 32% do PIB global (Banco Mundial, 2024), a adoção de um sistema alternativo pode reconfigurar profundamente o cenário geoeconômico.

A proposta de desdolarização ganha força especialmente após sanções aplicadas contra países como a Rússia, o que expôs os riscos de dependência do sistema SWIFT e do dólar. Em resposta, países como China e Rússia já intensificaram acordos bilaterais em moedas locais, e em 2023, o grupo discutiu formalmente a criação de uma moeda comum para o comércio intra-BRICS (BRICS Summit, 2023).

A defesa dessa nova arquitetura monetária está ancorada na busca por um sistema financeiro mais multipolar, justo e menos suscetível a pressões externas. Além disso, permitiria aos países do Sul Global maior estabilidade e previsibilidade nas transações internacionais, protegendo-se das flutuações e crises oriundas da política monetária dos EUA.

Em síntese, a criação de uma moeda própria ou o uso ampliado das moedas nacionais pelos BRICS é um passo estratégico rumo a uma nova ordem econômica mundial, com menos assimetrias de poder e mais soberania para os países emergentes.

:

  • FMI – Fundo Monetário Internacional, Relatório de Reservas Cambiais, 2023.
  • Banco Mundial, Dados Econômicos Globais, 2024.
  • BRICS Summit, Declaração Final, Joanesburgo, 2023.