Nota do IE da UNICAMP propõe possíveis saídas a “Coronacrise”

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Em nota divulgada pelo Centro de Estudos de Conjuntura e Política Econômica (CECON), do Instituto de Economia (IE), da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP), é proposto possíveis soluções a crise enfrentada pelo COVID-19 (coronavírus). O trabalho elaborado por vários autores, intitulado: “A Coronacrise: natureza, impactos e medidas de enfrentamento no Brasil e no mundo”, mostra a necessária e importante intervenção do Estado na economia para conter e elaborar soluções a crise. Além disso, demostra que a atual crise difere de outras como a de 2008 e mostra que a fracassada política de austeridade (corte de gastos), terá que ser revista e extinguida mesmo após a crise.

 

Sumário:

  • A crise econômica provocada pela disseminação do novo coronavírus tem início na esfera produtiva e impacta os mercados financeiro e de crédito. É o oposto do ocorrido em 2008. Em vista disso, a saída da crise ocorrerá apenas quando a situação sanitária for controlada. Enquanto isso, há pouco o que os Bancos Centrais possam fazer para salvaguardar a economia, como foi feito em 2008, quando a injeção de liquidez e o “salvamento” de instituições financeiras foram capazes amenizar a queda da produção.

 

  • Diante deste cenário, diversos governos apostam na utilização massiva da política fiscal. O combate aos efeitos econômicos e sociais da crise será uma das operações fiscais mais ousadas da história recente do capitalismo. Além disso, será preciso ampliar a oferta de crédito através de bancos públicos, já que as instituições privadas estariam limitadas diante dos riscos do cenário atual. Tanto o Fundo Monetário Internacional quanto o Banco Mundial recomendam aos países ampliar urgentemente os gastos com saúde e buscar medidas de apoio aos mais vulneráveis.

 

  • O Brasil apresenta uma vantagem temporal diante dessa pandemia: podemos observar o impacto do Covid-19 em outros países e adotar medidas eficazes para frear o surto. No curto prazo, o Brasil apresenta a vantagem de ter o Sistema Único de Saúde (SUS), com apresenta grande capilaridade, porém com crônico subfinanciamento.

 

  • Em relação à necessidade de isolamento social amplo a situação no Brasil é complexa, seja pela situação precária de moradia que parte significativa dos brasileiros se encontram, seja pela estrutura do mercado de trabalho, com taxa de informalidade de 40,7% (chegando 38,3 milhões de pessoas) e alta vulnerabilidade social. É insustentável para que esses trabalhadores permanecerem de quarentena, sem renda.

 

  • As medidas anunciadas pelo governo brasileiro no front econômico, até agora, são em grande parte remanejamento orçamentário, sem injeção de recursos novos na economia como outros países anunciaram.

 

  • A partir da experiência internacional, o texto elenca uma série de medidas de curto e longo prazo no âmbito da saúde, assistência e previdência, política fiscal e política monetária e de crédito para enfrentar a crise, em especial preservando a renda dos mais vulneráveis.

 

  • Mesmo que medidas adequadas de combate à pandemia sejam tomadas e se mostrem capazes de minimizar seus efeitos sociais e econômicos, a economia mundial deve sair muito diferente da crise. No Brasil, a pandemia coloca em xeque as privatizações, a condução das políticas econômicas com regras fiscais inadequadas, a precarização do mercado de trabalho e a vulnerabilidade social. Repensar o caminho e alterar a estratégia de desenvolvimento, adequando-a ao novo capitalismo que surgirá após a Coronacrise, será o grande desafio das próximas décadas.

 

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