NOTAS TÉCNICAS – 2019

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POR QUE OS ASSALARIADOS RURAIS DEVEM SE PREOCUPAR
COM A GUINADA DE JAIR BOLSONARO A ISRAEL?

ESCRITO POR:

Cristiano Galdino

INTRODUÇÃO

Nota Técnica - 1 - 2019

A guinada do Presidente Jair Bolsonaro em apoio a Israel, pode, se concretizar, impactar

diretamente no mercado de trabalho dos assalariados rurais. O impacto imediato é no comercio entre o Brasil e os Países Árabes devido a uma possível redução da demanda de produtos adquiridos e consumidos nos países do mundo Árabe.

Esta nota técnica tem por objetivo demonstrar o impacto comercial entre os países e a consequência disso no mercado de trabalho dos assalariados rurais.

                                                                                              Nota Técnica – 1 – 2019

 

1.    COMO COMEÇOU O CONFLITO ENTRE ISRAEL E OS PAÍSES ÁRABES 

No século 20 o movimento sionista em defesa da criação de um Estado para os judeus ganhou força dado o sentimento de antissemitismo que esses sofreram na Europa.

A região da Palestina, sagrada para judeus, mulçumanos e católicos, e que na época era ocupada principalmente por muçulmanos, começou a agregar um número considerável de imigração judaica. Esse fato, começou a gerar um incomodo nas comunidades que lá estavam.

O Império Otomano que dominava o território, foi desintegrado após a Primeira Guerra Mundial, assim através da Liga das Nações o Reino Unido ficou incumbido de administrar o território Palestino. Porém os britânicos, durante esse período, fizeram promessas não compridas tanto aos árabes quanto aos judeus, em um Oriente Médio dividido entre o próprio Reino Unido e França.

A consequência desse contexto desencadeou conflitos, inclusive paramilitares, entre grupos sionistas nacionalistas e os árabes.

Após a Segunda Guerra Mundial e o massacre sofrido pelos judeus (o holocausto), aumentou a pressão pelo estabelecimento de um Estado judeu, que se estabeleceu no ano de 1948. Vale enfatizar que o plano original era de divisão entre judeus e os palestinos.

Com o estabelecimento do Estado de Israel em 1948, as tensões na região ganharam intensidade, culminando com a primeira guerra árabe-israelense, com a invasão do território israelense pelo Egito, Jordânia, Síria e Iraque.

Para os palestinos foi o início da “nakba” em árabe “destruição”. Mais de 750 mil palestinos fugiram para outros países vizinhos ou foram expulsos pelas tropas israelenses. Em 1956 Israel enfrentou o Egito, pelo canal de Suez, conflito resolvido sem uma guerra em campo, com a mediação da Organização das Nações Unidas (ONU), definindo a soberania do Egito sobre o canal.

Em 1967, ocorreu a Guerra dos Seis dias, que alterou drasticamente o contexto da região, com a ocupação por Israel da Faixa de Gaza e península do Sinai, isso fez com que mais de meio milhão de palestinos fugissem de seu território.

Ainda em 1973, houve a Guerra do Yom Kippur que teve a união do Egito e Síria contra Israel. Já em 1979, o Egito se tornou o primeiro país árabe a chegar a um acordo de paz com Israel, com a Jordânia chegando ao mesmo acordo em 1994.

2.    POSSÍVEIS IMPACTOS DO ROMPIMENTO COMERCIAL ENTRE OS PAÍSES ÁRABES E O BRASIL E A REPERCUSSÃO NO MERCADO DE TRABALHO DOS ASSALARIADOS RURAIS

O rompimento das relações comerciais entre os países Árabes e o Brasil teria um possível impacto no mercado de trabalho dos assalariados rurais. Com a redução ou extinção desses acordos comerciais haveria queda nas exportações de produtos agrícolas (maior valor agregado das exportações a esses países). O saldo da balança comercial (exportações reduzidas às importações) brasileira com esses países é positivo, ao contrário do saldo com Israel.

2.1      BALANÇA COMERCIAL ENTRE BRASIL E ISRAEL

O saldo da balança comercial entre Brasil e Israel fechou o ano de 2017 com saldo negativo ao Brasil de (-US$ 419,28) quatrocentos e dezenove milhões e duzentos e oitenta mil dólares. Desse valor, de acordo com o Ministério da Indústria, Comercio Exterior e Serviços (Mdic) 43,6% das exportações foram de produtos básicos (agrícolas); 12,4% de produtos semimanufaturados (ferro fundido, alumínio bruto, celulose…); 41,5% de produtos manufaturados (produtos com maior valor agregado e fabricado em série) e 2,43% em operações especiais.

Já as importações brasileiras de Israel foram de 67,5% de produtos manufaturados e 31,7% de produtos semimanufaturados, o que explica o saldo negativo, de forma que o Brasil importa produtos com maior valor agregado do que exporta.

2.2    BALANÇA COMERCIAL ENTRE BRASIL E OS PAÍSES ÁRABES

Em 2017, de acordo com a Associação Brasileira de Consultoria e Assessoria em Comercio Exterior (ABRACOMEX), dados coletados da Secretaria de Comercio Exterior (Secex), as exportações brasileiras para países árabes atingiram o valor de US$13,59 treze bilhões e seiscentos milhões de dólares. O saldo comercial, favorável ao Brasil, fechou esse ano em US$7,12 sete bilhões e cento e vinte milhões de dólares. Desse total, 70% foi de exportação de produtos agrícolas. Destaca-se o grupo de alimentos com US$9,9 nove bilhões e novecentos milhões no saldo das exportações, especialmente carnes e açúcar.

Os árabes, foram responsáveis por 10% do superávit das exportações recorde desse ano, que foi de US$67 sessenta e sete bilhões de dólares. O Brasil importa principalmente combustíveis e fertilizantes desses países.

Os principais países que mais se destacaram nessa relação comercial com o Brasil foram: Arábia Saudita, Egito e Iraque.

3.    CONSIDERAÇÕES FINAIS

Portanto, um possível rompimento das relações comerciais entre os países Árabes e o Brasil, afetaria de antemão a balança comercial do país, as próprias empresas do agronegócio e, principalmente, o mercado de trabalho dos assalariados rurais, na medida em que as empresas passariam de imediato às perdas aos empregados, gerando demissões. Mesmo que esse movimento econômico fosse compensado com novas relações comerciais com outros países, a recuperação do mercado de trabalho e suas relações de trabalho, já precárias, teria um efeito de recuperação de longo prazo. Dessa forma, as relações entre Brasil, Israel e os países Árabes, do ponto de vista comercial, devem er mantidas com os países Árabes e melhoradas em relação a Israel.