Segundo estudo de Clemente Ganz Lúcio, Sociólogo, técnico do DIEESE*, professor e assessor das Centrais Sindicais, cerca de 37 milhões de pessoas estão sem emprego no País.
A análise tem como base a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicilio (Pnad), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Do total, 25,7 milhões não procuram emprego, mas gostariam de trabalhar e 17,7 milhões não procuram emprego devido ao isolamento social causado pelo coronavírus. Além disso, 29 milhões trabalham na condição de informalidade.
Análise completa:
Novas pesquisas passam a mensurar os impactos da crise sanitária sobre o mundo do trabalho. A PNAD COVID19, produzida pelo IBGE a partir de maio, traz indicadores sobre saúde e sobre o mercado de trabalho. Neste artigo vamos destacar alguns números relativos ao mundo do trabalho.
Em maio o IBGE estimou em 170 milhões a população em idade de trabalhar, das quais 95,3 milhões ou estavam ocupadas (84,4 milhões) ou desempregadas (10,9 milhões). O contingente desocupado aumentou em mais de 1 milhão entre a primeira e a quarta semana de maio, assim como cresceu 1,5 milhões o número de pessoas que passaram a integrar a força de trabalho. A maioria que chega no mercado de trabalho não acha emprego. A taxa de participação está em 56% e indica uma baixa pressão na procura, se considerado que a taxa normalmente tende a estar a acima de 60%. Menos da metade da população (49,7%) em idade de trabalhar estava ocupada. Um mercado de trabalho anêmico em sintonia com a grave situação.
Entre a população em idade de trabalhar há 25,7 milhões de pessoas que não procuram emprego, mas gostariam (ou precisariam!) trabalhar e, entre estes, 17,7 milhões não o procuram devido ao isolamento, riscos da pandemia ou, ainda, por falta de oferta de postos de trabalho.
No total há 36,6 milhões de pessoas que procuram ou gostariam de procurar emprego! O debate para enfrentar essa gravíssima crise econômica exige o planejamento de ações e medidas para garantir, imediatamente, renda para esse contingente e organizar iniciativas públicas capazes de criar milhões de ocupações no curto prazo. Mantida a dinâmica anêmica da economia brasileira observada antes da crise, o país levará 20 anos para gerar os postos de trabalho para ocupar esse contingente de pessoas!
Dos ocupados, 8,8 milhões (13,2%) estavam trabalhando de forma remota, em home office ou teletrabalho. Esse contingente aumentou em 200 mil ao longo das quatro semanas de maio. Notícias indicam que muitas empresas planejam tornar permanente esse tipo de trabalho para mais de 50% daqueles que hoje estão inseridos nessa condição.
São 17,6 milhões aqueles que estão ocupados e afastados do trabalho, sendo 14,6 milhões devido ao distanciamento social, quarentena ou isolamento, ou seja, 83%. Os demais estão afastados devido a férias, folga, licenças saúde, acidente, maternidade ou paternidade, ou ainda outro tipo de licença. No mês de maio o contingente afastado pelo isolamento caiu de 16,6 para 14,6 milhões, ou seja, mais pessoas voltaram ao trabalho ou foram para a desocupação ou inatividade.
Daqueles que estão ocupados, mais de 29 milhões (34,5%) laboram na informalidade, ou seja, sem proteção social. São eles principalmente: assalariados sem registro em carteira; trabalhadoras domésticas sem registro; autônomos ou por conta própria sem contribuição para a previdência social.
Esses dados, acompanhados e cotejados com outros disponíveis, permitirão qualificar os diagnósticos dos múltiplos problemas no mercado de trabalho e dar insumos preciosos para o debate e planejamento do que deverá ser feito para enfrentar e superar os graves problemas que atingem o mundo do trabalho.
*Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).