O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou, nesta quarta-feira (27), as projeções atualizadas para a inflação brasileira em 2023. A análise revisou para baixo as variações do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), cujas projeções foram revistas de 5,1% e 4,9% (em junho) para 4,8% e 4,5% (em setembro), respectivamente.
De acordo com os pesquisadores, para os preços administrados, a inflação para 2023 avançou de 7,9% para 10,0%, devido à expectativa de aumentos significativo nos reajustes dos combustíveis e da energia elétrica. Já em relação aos preços livres, as previsões indicam um comportamento mais benevolente para todos os segmentos que compões este conjunto de bens e serviços.
Para os alimentos no domicílio, além da deflação de 1,8%, acumulada nos primeiros oito meses do ano, a queda de 17,1% dos preços agrícolas no atacado, nos últimos 12 meses, deve proporcionar uma variação de preços menos intensa. Desta forma, a inflação esperada para este grupo caiu de 3,7% para -0,7%.
A deflação de 8,3% dos produtos industriais no atacado, em 12 meses, fez com que a estimativa para a inflação de bens, em 2023, retroagisse de 2,4% para 2,2%. Por fim, a queda na projeção da inflação dos serviços livres de 5,6% para 5,1%, em 2023, é resultante, sobretudo, da trajetória recente mais bem-comportada deste grupo, especialmente em relação aos segmentos ligados à transporte.
Já para o INPC, a projeção do Grupo de Conjuntura em 2023 também se alinhou à do IPCA e foi revista para baixo, recuando de 4,9% para 4,5%. Neste caso, os modelos mostram que a inflação projetada para os preços administrados deve ser ainda mais intensa, passando de 7,6% para 9,7%. Por outro lado, ao considerar o comportamento mais benevolente dos preços dos alimentos no último trimestre, a inflação projetada deste segmento recuou de 3,5% para -0,8%.
Seguindo essa linha, as expectativas inflacionárias para os bens industriais e os demais serviços livres também apontam uma desaceleração mais forte em 2023, tendo em vista que as taxas de variação de 2,7% e 5,7%, projetadas anteriormente, retroagiram para 2,6% e 5,3%, nesta ordem.
Os pesquisadores, no entanto, não descartam o surgimento de focos de pressão inflacionária adicionais, associados, sobretudo, a mudanças mais fortes na trajetória das commodities, especialmente as energéticas, no mercado internacional e à aceleração mais intensa da taxa de câmbio. O Grupo de Conjuntura também não descarta que a suspensão das exportações russas de óleo diesel possa se transformar em um importante ponto de compressão sobre os custos de frete, impactando, assim, a inflação dos alimentos se dos bens industriais.